
O Ibama e a Fundação Nacional do Índio (Funai)
realizaram na última semana operação de combate à exploração ilegal de ouro na
terra indígena Yanomami, em Roraima, que resultou na destruição de 20 balsas,
11 acampamentos e 6 motobombas. Os fiscais apreenderam um revólver calibre 38
com numeração raspada, uma espingarda de caça, munição e dois frascos de
mercúrio. A ação mobilizou 35 servidores, incluindo agentes ambientais do Grupo
Especializado de Fiscalização (GEF) do Ibama, técnicos da Funai e policiais de
Roraima. A equipe utilizou 3 helicópteros e 1 avião para fiscalizar regiões de
difícil acesso. Durante a ação, foram identificadas 15 pistas de pouso
clandestinas.
O coordenador
de Operações do Ibama, Roberto Cabral, disse que o objetivo é interromper o
dano ambiental, interferindo na logística dos garimpeiros, com a destruição de
balsas, barcos e instrumentos utilizados na prática ilegal.
Em março deste
ano, o Ibama havia recebido estudo realizado em 19 aldeias da região pela
Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), que revelou índices preocupantes de contaminação por mercúrio (Hg).
Foram coletadas 239 amostras de cabelo no período de 16/11/2014 a 03/12/2014.

O mercúrio é
usado por garimpeiros para separar o ouro de outras substâncias. Ao ser
despejado na água, o metal pesado se deposita no lodo acumulado no fundo do rio
e pode ser ingerido por peixes. Dessa maneira, a substância passa a fazer parte
da cadeia alimentar, tornando-se um risco para a saúde pública. Altamente
tóxico, o mercúrio pode causar danos graves e permanentes. Afeta o sistema
nervoso central, os rins, o coração e o sistema reprodutor, sendo especialmente
perigoso para gestantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que
concentrações superiores a 6 microgramas de mercúrio por grama de cabelo podem
trazer sérias consequências para a saúde, especialmente no caso de grupos mais
vulneráveis, como os índios.
Os níveis de
exposição colhidos pela pesquisa apresentaram mediana de 3,2 microgramas de
mercúrio por grama de cabelo na região de Papiú e de 5,0 microgramas em Waikás.
A situação mais preocupante foi encontrada na aldeia de Aracaça, situada
próximo à área de garimpo, onde a mediana verificada foi de 15,5 microgramas,
com 6,8 microgramas entre crianças menores de 5 anos e 16,0 microgramas para
mulheres em idade reprodutiva. Na mesma aldeia, praticamente todos os adultos
avaliados apresentaram níveis elevados de mercúrio no cabelo e 92% dos índios
examinados estavam contaminados. A situação melhora onde a presença dos
garimpeiros é menor, como em Papiú, onde 6,7% das amostras analisadas
apresentaram sinais de contaminação. Em razão dos altos índices de desnutrição,
malária, tuberculose e parasitoses intestinais, os indígenas da região já
possuem um sistema imunológico comprometido, o que potencializa a toxidade do
mercúrio.
O estudo da
Fiocruz foi realizado a partir de pedido do líder Yanomami Davi Kopenawa, com
apoio do Instituto Socioambiental (ISA), do Laboratório de Química da PUC e da
Hutukara Associação Yanomami (HAY). Os resultados foram apresentados à
comunidade indígena e entregues ao Ibama no mês passado. A terra indígena
Yanomami é a maior do Brasil, com 9,6 milhões de hectares nos estados de
Roraima e Amazonas.

O monitoramento
da região será mantido pelo Ibama e as informações obtidas durante a operação
serão usadas para responsabilizar a cadeia criminosa.
Assessoria de
Comunicação do Ibama
imprensa@ibama.gov.br
(61) 3316-1015
Fotos: Banco de Imagens do Ibama
imprensa@ibama.gov.br
(61) 3316-1015
Fotos: Banco de Imagens do Ibama
Nenhum comentário:
Postar um comentário