terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Refém da violência, Belém teve 15 homicídios em dois dias


 O último final de semana foi sangrento na Região Metropolitana de Belém. Entre sábado (6) e domingo (7) foram contabilizados 15 assassinatos em diversos bairros.
Dentre os assassinatos, está o do sargento da Polícia Militar Wladimir Odylo Gilbert de Matos, 47 anos, que foi atingido por tiros na baixada da Mundurucus no sábado (06).

 O militar era morador da área e conhecido pela vizinhança. Ele caminhava no final da tarde em direção à casa de sua mãe quando dois homens e uma mulher, em um carro vermelho, o acertaram com tiros no pescoço e abdômen, na passagem Santo Antônio, bairro Canudos. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. No dia seguinte, mais um jovem foi assassinado próximo ao local onde Wladimir foi atingido. Jonas Rennan Aguiar, 23 anos, foi surpreendido por homens que estavam em um táxi Colbat branco.

O pedreiro João Lopes, 71, mora na baixada da Mundurucus há 20 anos e lembra que antes era muito mais seguro. “A gente fica assombrado porque estão matando à toa”, diz. Ele conta que conhecia o sargento e que jamais imaginava que algo aconteceria com ele dessa forma. 

Quem trabalha por ali relata que o medo é constante e a segurança é praticamente inexistente. A feirante Raimunda Lopes, 51, mantém com sua família uma barraca de frutas e verduras na baixada há 18 anos e observa que a criminalidade só aumentou nesse período. 

“Antes, era muito melhor. Infelizmente, a realidade hoje é que a gente sai de casa sem saber se vai voltar vivo. A gente fica com medo o tempo todo”, denuncia. Segundo ela, assassinatos já são recorrentes no local. Há menos de um mês, aconteceu um crime quase idêntico ao homicídio de Jonas Aguiar. 

Em 11 de dezembro, uma jovem identificada como Joyce Stubal Lima, 23 anos, e um homem, sem identificação, também foram assassinados por atiradores em um táxi na travessa Francisco Monteiro, próximo à rua dos Mundurucus.

TODOS OS CRIMES TÊM CARACTERÍSTICA DE EXECUÇÃO, APONTA DELEGADO

Além dos crimes em Canudos, foram registrados homicídios em bairros como Tapanã, Tenoné, Parque Verde e Estrada do Aurá nos dois dias. No Tenoné, Huan Carlos Barbosa Gomes, 23, foi assassinado por volta das 21h de sábado na WE-4, no conjunto Helena Coutinho. Testemunhas relataram que o assassino veio em um veículo branco. Na manhã de segunda-feira (08) o clima ainda era de tensão no conjunto, onde a “lei do silêncio” é forte. Um morador, que não quis se identificar, conta que não se pode nem falar sobre o assunto no local. “Aqui é péssimo. Toda hora, tem gente de olho. Quem fala muito acaba sendo a próxima vítima”, alertou. Esse é outro lugar da Grande Belém no qual homicídios são frequentes, apesar de haver uma Unidade Integrada Pro Paz (UIPP) dentro do conjunto. Também há aproximadamente um mês, em 05 de dezembro, um carro branco fez três vítimas dentro de uma casa localizada na rua WE-5, no Helena Coutinho.

INVESTIGAÇÕES

A Polícia Civil continua as investigações de todas as 15 mortes do final de semana e apura se há ligação entre as mortes. A assessoria da Polícia Civil informou que, no caso do assassinato do sargento da Polícia Militar, já há um suspeito identificado, porém ninguém preso até o momento. 

De acordo com o delegado e secretário adjunto de Inteligência e Análise Criminal, da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (Segup), Rogério Moraes, todos os assassinatos do final de semana tem características de execução.

(Alice Martins Morais/Diário do Pará)

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