O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contestou, anteontem, a
informação atribuída ao Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon) sobre um suposto aumento do desmatamento na região. Há duas
semanas o Imazon, organização com sede em Belém, informou sobre uma nova
alta na devastação da floresta amazônica em comparação com o ano
passado.
A notícia, transmitida para todo o
Brasil, dava conta de que o SAD, um sistema independente de
monitoramento, havia detectado, somente em outubro, um desmatamento de
244 quilômetros quadrados na Amazônia Legal. Se verdadeiro, esse número
representaria um aumento de 467% em relação a outubro de 2013, em que
havia sido registrado um desmatamento de 43 quilômetros quadrados.
O superintendente do Ibama no Pará, Hugo
Américo, refutou a informação. Embora manifestando respeito pela
atuação do Imazon, Américo deixou claro que os números apontados pela
organização não correspondem à realidade.
No seu entender, o Imazon está
utilizando uma base de dados reconhecidamente frágil e misturando coisas
que não deveriam ser misturadas. O recurso a essa metodologia estaria
por trás dos equívocos apontados pelo superintendente do Ibama.
Segundo Hugo Américo, o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou na última sexta-feira,
dia 28, os dados do Deter, como é conhecido o Sistema de Detecção do
Desmatamento em Tempo Real, referentes aos meses de agosto, setembro e
outubro. O Deter emite alertas de eventuais alterações na cobertura
vegetal, identificadas com base nas imagens do satélite Modis.
IMAGENS
Ocorre, assinalou o superintendente do
Ibama, que as imagens do satélite Modis têm uma resolução considerada
baixa. Elas são importantes para tornar mais efetiva a fiscalização do
Ibama, organismo vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e responsável
quase que exclusivo – cerca de 90 % das ações – pelo combate ao
desmatamento na região amazônica.
Os alertas do SAD, o sistema utilizado
pelo Imazon, são disponibilizados também para as prefeituras, mas acabam
nestes casos tendo pouca ou nenhuma efetividade porque os municípios
não dispõem de estrutura apropriada para esse tipo de trabalho, nem em
recursos humanos e nem em equipamentos.
Os alertas são disponibilizados também
para as prefeituras mas acabam, nestes casos, tendo pouca ou nenhuma
efetividade porque os municípios não dispõem de estrutura apropriada
para esse tipo de trabalho.
O superintendente destacou que o sistema
responsável pelas taxas oficiais do desmatamento na Amazônia Legal é o
Prodes (Programa de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia), cujo
satélite opera com imagens mais de oito vezes superior a do Deter.
A última apuração do Inpe com esse
sistema, cobrindo o período Prodes – de 1º de agosto de 2013 a 31 de
julho de 2014 –, apresentou uma queda de 18% no desmatamento, o que
significou uma diminuição de 1.033 quilômetros quadrados da área
desmatada. Esta foi, segundo Hugo Américo, a segunda menor taxa de toda a
história do monitoramento.
Acrescentou que, tecnicamente, é
inaceitável qualquer tipo de comparação entre os dados dos dois
sistemas, visto que eles apresentam características completamente
distintas.
De qualquer forma, caso venha a se
considerar a análise de dados do Deter como indicador de desmatamento,
ainda assim vai se constatar, conforme frisou, que o resultado aponta
uma queda progressiva no corte raso da floresta, com 484 quilômetros
quadrados desmatados em agosto, 232 em setembro e 141 em outubro.
Fonte: Diário do Pará.
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